1. |
Canto primeiro
01:30
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A voz
Desperta seu dom
de revelar em cor e som
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2. |
Dedal
02:49
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Dedal
Era um retrós de palavras
que eu alinhavava pra tu sorrir
amor botões caseados
juntavam os dois lados
da roupa que eu fiz pra ti
Eram retalhos e rimas
viés que a poesia me fez cerzir
e eram tantas as cores
Na dança dos panos
que até meu dedal perdi
Era um sonho
e eu via entrelaçada
a minha vida inteira ali
toda costurada à tua ah!
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3. |
Poema Velho
03:32
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Porque o carnaval é velho
também é velha a folia
de quem nasce vivo e morre
caminhando em romaria
e vestindo velhos medos
vestem velhas fantasias
porque o carnaval é velho
mais velha e a luz do dia
Porque as nuvens são velhas
como é velha tempestade
que emana do copo d´água
e encharca belas cidades
e apagando velhas brasas
velhos lagos nos invadem
porque as nuvens são velhas
mais velha é a cumplicidade
Porque o amor é tão velho
é velho que nem ira
de quem calado consente
a voz que jamais saíra
e por crer em velhas falas
amam ouvir velhas mentiras
porque o amor é tão velho
mais velho é o som da lira
Porque o vinho bom é velho
mais velho do que esse vício
de beber no fim da festa
procurando pelo início
e buscando velhos vôos
surgem velhos precipícios
porque o vinho bom é velho
tão velho quanto difícil
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4. |
A árvore e o vento
03:07
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O canto da cigarra
O labor da formiga
Solidão que amarra
A saudade inimiga
O traço do pintor
O olhar do cego
A ilusão do amor
Já bastou não me apego
E se eu não voltar mais
Chora não tanto faz
A hora que não passa
Maldade do tempo
Sonho despedaça
a árvore e o vento
e se eu não voltar mais
Chora não tanto faz
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5. |
Girando
03:24
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6. |
Descontrolar
02:23
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Se por demais ficares assim tão aninhada
Perto demais destas fronteiras
Se nos ares insistires
Perfumares meus pomares
Este meu coração
Tão cumpridor das convenções
Ligeiro vai caronar já já
Se pelo a pelo pele a pele
Nas desembestices dos atropelos
Haverá de cumprir desalinhada tortidão dos desmantelos
Numa sentença breve
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7. |
Dona Benta
03:52
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Que pessoa é essa
Que fazendo as contas
Que contando os pontos
Faz um lindo bordado
Que pessoa é essa
Que tem a liberdade
De abrir a janela esbarrando no verde
Que magia é essa?
Que milagre é esse?
Mas que magia é essa?
Que milagre é esse?
Que pessoa é essa
Que não se desaponta
Que nunca se espanta
Que vive e que sonha
Que pessoa é essa
Que sem nenhum esforço
No jantar ou almoço
Tem a mesa farta
Mas que magia é essa?
Que milagre é esse?
Mas que magia é essa?
Que milagre é esse?
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8. |
Viramundo
02:49
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Sou viramundo virado
Nas rondas da maravilha
Cortando a faca e facão
Os desatinos da vida
Gritando para assustar
A coragem da inimiga
Pulando pra não ser preso
Pelas cadeias da intriga
Prefiro ter toda a vida
A vida como inimiga
A ter na morte da vida
Minha sorte decidida
Sou viramundo virado
Pelo mundo do sertão
Mas inda viro este mundo
Em festa, trabalho e pão
Virado será o mundo
E viramundo verão
O virador deste mundo
Astuto, mau e ladrão
Ser virado pelo mundo
Que virou com certidão
Ainda viro este mundo
Em festa, trabalho e pão
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9. |
O canavial e o vento
01:12
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Tenho o dom de abrir portas e alçar mundos,
E ninguém pode sequer desconfiar
Mansa a mão verde do vento sobre o meu canavial.
Meu olhar quebra o silencio de ondas que chegam e partem
na esperança de um dia o mar se cansar.
E do cansaço ressurge vento manso sobre o meu canavial.
Assim como a mão infinita do vento caminha em ondas verdes nos canaviais,
Não sei se sou o vento
Não sei se sou o verde
Será que sou a onda?
Ou o olho verde do vento há milênios perdido em mim.
E nessa ausência que o vento carrega tão sem sentido,
Resta brisa leve e mansa de quem parte e não ousa voltar
Sigo a mão verde do vento até meu olhar se apagar
Mansa a mão verde do vento sobre o meu canavial.
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10. |
Canavial
04:00
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Se no corpo, se nos olhos
Tenho água, tenho sal
Se o vento traz as ondas
Faz maré no meu quintal, oi
Pra viver, e me afogar
Se o verde é igual
Não preciso mais, do mar, oi
Tenho meu canavial
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11. |
Mantiqueira
03:07
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Guardo o luar em meu coração
teu ar teu chão
Céu estrelar a terra na mão
Eu vou mas vou voltar
Eu sei, eu sei, eu sei
que é assim, tudo tem fim
Cheiro de flor de mata jasmim,
A paz em mim
Verde demais tiê alecrim
Eu vou mas vou voltar
Eu sei, eu sei, eu sei
que é assim, tudo tem fim
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Tarita de Souza São Paulo, Brazil
Tarita de Souza is a multiple artist working in music, theater, visual arts, education, and research. She completed her
bachelor’s and master’s degrees at the University of São Paulo in the area of music education and is currently studying hybrid artistic languages for her doctorate’s degree.
As a musician, she is a singer, songwriter, conductor, arranger, and vocal coach.
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